Críticas



O SAMBA PEDE PASSAGEM NA ARENA (Por Cláudia Lessa)

Os cabelos encaracolados e comumente soltos se escondem agora no chapéu de bamba que adotou com acessório no show Comigo Ninguém Pode. O ar compenetrado de quem pretende marcar em cena uma estética musical própria dos sambistas ganha olhares de expectativa do seu público. Sim, afinal, é a estréia de Sandra Simões no exercício solo da sua vocação de bamba. Até então, sua praia vinha sendo “caetanear” as canções do compositor ilustre.
Sandra tem dito que descobriu o samba e ele a arrebatou. Ao escolher clássicos do gênero, criou uma atmosfera musical intima, mas não menos renovada e bom de se reviver. Com voz firme e afinada, a cantora imprime sua interpretação em sambas imortalizados como As Rosas Não Falam (Cartola) e outros geniais de Noel Rosa, Assis Valente, Roque Ferreira, Walmir Lima e Ederaldo Gentil e Martinho da Vila.
Incluiu também no repertório sambas de sua autoria, entre os quais Santo de Barro, Cara de Pau, Debaixo da Lona e a que dá título ao show, cujo refrão diz assim: “Pra espantar você de mim/ Pé de pato mangalô três vezes”. Divertida essa última.
A ótima presença de palco da cantora – que também é atriz – contribui para que a platéia chegue junto ( dançando e cantando), do início ao fim do show. Quem quiser começar o fim de semana em clima alto astral a dica é chegar até a arena do Teatro SESC-SENAC (Pelourinho), onde Sandra faz temporada até 13 de fevereiro, sempre às sextas. Oportunidade boa de ouvir uma banda sintonizada acompanhando uma artista segura de seus passos musicais.

Publicado no Jornal A TARDE em 30 de janeiro de 2009 pela jornalista CLÁUDIA LESSA