Para o site axezeiro - 09 de agosto de 2010 http://axezeiro.com.br/entrevista/159,sandra-simoes.html
Baiana, cantora, compositora e atriz. Sandra Simões tem na família seu porto seguro, é uma pessoa de muita fé e tem como lema a frase “comigo ninguém pode”. Este ícone da cultura baiana conversou abertamente com o Portal Axezeiro, contando os altos e baixos da carreira musical e muito mais. Confira.
Portal Axezeiro: Cantar, compor e atuar. O que mais atrai a poli artista Sandra Simões?
Sandra Simões: Eu sou uma verdadeira arteira, adoro todas as artes e ponho arte em tudo que faço, mas a minha mais profunda paixão é cantar. Quando canto, vivo o momento presente com plenitude é como se eu mergulhasse no infinito. Sou completamente feliz quando canto.
PA: Quais são as maiores dificuldades enfrentadas por uma cantora/produtora numa cidade [Salvador] dominada pelo monopólio do axé?
SS: O próprio monopólio. Em primeiro lugar, eu acho que o axé trouxe muitas conquistas para a nossa cidade. O Brasil e o mundo olharam pra gente com curiosidade e admiração e isso foi e é muito bom. A minha ressalva não é em relação ao axé, ou seja, ao gênero musical, mas à super valorização desse gênero em detrimento a outros segmentos da música que se faz aqui. A Bahia é a terra da diversidade. A música pulsa forte em nosso sangue. Em minha opinião, o que deveríamos valorizar é exatamente essa riqueza. A Bahia é mais que apenas um movimento musical, mais que um estilo. Aqui se faz rock, samba, axé, baião, jazz, blues, chorinho, MPB, música erudita, contemporânea, instrumental e tudo mais que a gente quiser. Por isso que esse monopólio não é inteligente. Mas eu enfrento essa dificuldade com garra e criatividade.PA: Você se sente as vezes remando contra a maré, por fazer uma música alternativa? Sente necessidade de ir para o eixo Rio/São Paulo atrás do sucesso/reconhecimento almejado por muitos artistas?
SS: Essa palavra “alternativa” é interessante. Significa “a outra opção”? Ou, “uma segunda opção”? Ou ainda, “uma opção menor”? Eu não acho a minha música alternativa. Acho inclusive, que Salvador tem um público maravilhoso, um potencial fantástico para qualquer segmento musical e que a gente só tem que acreditar e trabalhar. O problema de Salvador não é público e sim espaço. Faltam espaços culturais nessa cidade. Casas de shows, mais teatros, espaços culturais, enfim. Essa menção à música, que não seja a adotada pela “indústria,” como música alternativa, depende do ponto de vista, se estivermos falando de público, é claro. Por enquanto eu quero ficar por aqui mesmo e tentar fazer a diferença, acreditando que a minha música tem o seu espaço aqui, na cidade que nasci e que inspira a minha arte. Mas isso não quer dizer que eu não deseje ganhar o mundo. Acho que a arte não tem fronteiras e quero ir, sim, aonde a minha música me levar.
PA: Cantar Caetano foi fácil?[Cite as liberações de suas canções]
SS: Cantar Caetano é antes de tudo, delicioso!! Pra mim é fácil porque é verdadeiro. Sempre ouvi Caetano a minha vida inteira. Está no meu imaginário, no meu subconsciente (rs).Cantando Veloso é um show que me dá muita alegria e é uma alegria que eu divido com muita gente também. Por exemplo, com Tonih Vinih, cantor, parceiro, que começou isso tudo comigo. Com Maurício Azevedo, violonista, arranjador, parceiro, que tem me acompanhado nessa feliz trajetória. Flávia Motta, produtora, parceira, que acreditou e apostou comigo nessa idéia. Difícil mesmo é escolher o repertório diante de tanta maravilha. Já cantei, nesses quatro anos de show, mais de 50 músicas da obra de Caetano. No meu CD, que está em fase de produção, tenho a honra de ter uma canção de Caetano.
PA: Você percorre muito bem por diversos estilos musicais. Samba, MPB, Forró...Uma cantora eclética que se enquadraria em qual movimento?
SS: Movimento dos Apaixonados pela Música (MAM). Gostou? (rsr) Eu tenho dito que sou uma herdeira do tropicalismo e é assim que me sinto. Herdeira porque sou de uma feliz geração que degustou intensamente esses criadores. Quando transito pelos “movimentos” é exatamente porque acho que a arte não pode se submeter a nenhum rótulo. Os rótulos existem para organizar, talvez, e tem lá a sua utilidade. A arte é muito mais que isso. Não podemos subjugar a arte. Sou Bamba e Rock and Roll.
PA: Uma de suas celebres canções, que inclusive foi o nome de um cd seu Comigo Ninguém Pode, surgiu em qual momento de sua vida. Foi uma afronta a alguém/algo?
SS: Kkkkk... Não. Eu digo sempre que faço música como faço teatro. Passeando pelo universo das personagens e da dramaturgia da vida. Uma canção, às vezes, nasce de um personagem que vi num livro, ou numa novela, ou na minha rua, ou na minha família, ou de uma situação inusitada que, não necessariamente, aconteceu comigo. Comigo Ninguém Pode nasceu, na realidade, de um erro. Eu ganhei um vasinho de Espada de Ogum e confundindo com a planta Comigo Ninguém Pode, fiz a música. Só depois eu vi que fiz uma confusão daquelas.
PA: O misticismo é bem presente em suas composições. O que mais te inspira?
SS: Nem sempre. Bom, eu sou pisciana, o que já diz muita coisa...rsrs...mas acho que falo de tudo um pouco. Tenho canções que considero bem underground. Essas ainda são pouco conhecidas. Tenho canções, também, com temas bem prosaicos, como ciúme, saudade, tristeza, flor...
PA: A música produzida atualmente na Bahia tem valor?
SS: Claro que sim! Eu produzo música na Bahia. Tem muita gente boa produzindo música na Bahia. Como disse no início, a Bahia é a terra da rica diversidade. Esse é o nossomovimento, é a nossa cena musical.
PA: Suas influências e compositores que te acompanham nessa caminhada...
SS: Minha forte influência é a música brasileira. Vou citar aqui, alguns dos compositores que são fundamentais em minha formação musical. Caetano Veloso (é claro...rsrs), Gilberto Gil, Tom Zé, Edu Lobo, Chico Buarque, Rita Lee, Milton Nascimento e toda turma do Clube da Esquina (ouvi muito!), João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius de Morais (ouvi e li, li e ouvi), Luiz Gonzaga, Noel Rosa, Pixinguinha, Cartola, Cazuza e mais e mais e mais!
PA: Projeto vindouros....composições..shows...[nome do projeto?]
SS: Então, em 22 de novembro farei o show de encerramento do projeto Conexão Vivo na Sala do Coro, show novo, viu? Também estou preparando mais um ensaio de verão, a exemplo do Coletivo Circo da Samba (2008) e do Samba da Igreja (2009). Ainda não está totalmente formatado, mas prometo, que assim que estiver tudo pronto, você vai saber. Em dezembro, estou com o Três na Folia (eu, Manuela Rodrigues e Claudia Cunha) no Tô no Pelô, todas as quintas, na Praça Pedro Arcanjo, projeto aprovado em edital. Além disso, estou mergulhada na produção do meu Cd e sofrendo todas as dores e alegrias da gestação de um novo filho... rsrsr.
PA: Deixe uma mensagem para os seus fãs e os internautas do Portal Axezeiro
SS: Vou me valer de Milton Nascimento e Fernando Brand, pra dizer, de forma visceral, o que desejo nesse momento:
Foi nos bailes da vida ou num bar em troca de pão
Que muita gente boa pôs o pé na profissão
De tocar um instrumento e de cantar
Não importando se quem pagou quis ouvir
Foi assim
Cantar era buscar o caminho que vai dar no sol
Tenho comigo as lembranças do que eu era
Para cantar nada era longe, tudo tão bom
Té a estrada de terra na boléia de um caminhão
Era assim
Com a roupa encharcada e a alma repleta de chão
Todo artista tem de ir onde o povo está
Se foi assim, assim será
Cantando me desfaço e não me canso de viver
Nem de cantar
Obrigada a todos vocês, do fundo do meu coração!
Para a Revista Guaraná - agosto de 2009 http://www.revistaguarana.com.br/2009/agosto/
TOCA NO IPOD
Jornal A TARDE - 31 de agosto de 2008
Por Therezinha Cardoso
Baiana, cantora, compositora e atriz. Sandra Simões tem na família seu porto seguro, é uma pessoa de muita fé e tem como lema a frase “comigo ninguém pode”. Este ícone da cultura baiana conversou abertamente com o Portal Axezeiro, contando os altos e baixos da carreira musical e muito mais. Confira.
Portal Axezeiro: Cantar, compor e atuar. O que mais atrai a poli artista Sandra Simões?
Sandra Simões: Eu sou uma verdadeira arteira, adoro todas as artes e ponho arte em tudo que faço, mas a minha mais profunda paixão é cantar. Quando canto, vivo o momento presente com plenitude é como se eu mergulhasse no infinito. Sou completamente feliz quando canto.
PA: Quais são as maiores dificuldades enfrentadas por uma cantora/produtora numa cidade [Salvador] dominada pelo monopólio do axé?
SS: O próprio monopólio. Em primeiro lugar, eu acho que o axé trouxe muitas conquistas para a nossa cidade. O Brasil e o mundo olharam pra gente com curiosidade e admiração e isso foi e é muito bom. A minha ressalva não é em relação ao axé, ou seja, ao gênero musical, mas à super valorização desse gênero em detrimento a outros segmentos da música que se faz aqui. A Bahia é a terra da diversidade. A música pulsa forte em nosso sangue. Em minha opinião, o que deveríamos valorizar é exatamente essa riqueza. A Bahia é mais que apenas um movimento musical, mais que um estilo. Aqui se faz rock, samba, axé, baião, jazz, blues, chorinho, MPB, música erudita, contemporânea, instrumental e tudo mais que a gente quiser. Por isso que esse monopólio não é inteligente. Mas eu enfrento essa dificuldade com garra e criatividade.PA: Você se sente as vezes remando contra a maré, por fazer uma música alternativa? Sente necessidade de ir para o eixo Rio/São Paulo atrás do sucesso/reconhecimento almejado por muitos artistas?
SS: Essa palavra “alternativa” é interessante. Significa “a outra opção”? Ou, “uma segunda opção”? Ou ainda, “uma opção menor”? Eu não acho a minha música alternativa. Acho inclusive, que Salvador tem um público maravilhoso, um potencial fantástico para qualquer segmento musical e que a gente só tem que acreditar e trabalhar. O problema de Salvador não é público e sim espaço. Faltam espaços culturais nessa cidade. Casas de shows, mais teatros, espaços culturais, enfim. Essa menção à música, que não seja a adotada pela “indústria,” como música alternativa, depende do ponto de vista, se estivermos falando de público, é claro. Por enquanto eu quero ficar por aqui mesmo e tentar fazer a diferença, acreditando que a minha música tem o seu espaço aqui, na cidade que nasci e que inspira a minha arte. Mas isso não quer dizer que eu não deseje ganhar o mundo. Acho que a arte não tem fronteiras e quero ir, sim, aonde a minha música me levar.
PA: Cantar Caetano foi fácil?[Cite as liberações de suas canções]
SS: Cantar Caetano é antes de tudo, delicioso!! Pra mim é fácil porque é verdadeiro. Sempre ouvi Caetano a minha vida inteira. Está no meu imaginário, no meu subconsciente (rs).Cantando Veloso é um show que me dá muita alegria e é uma alegria que eu divido com muita gente também. Por exemplo, com Tonih Vinih, cantor, parceiro, que começou isso tudo comigo. Com Maurício Azevedo, violonista, arranjador, parceiro, que tem me acompanhado nessa feliz trajetória. Flávia Motta, produtora, parceira, que acreditou e apostou comigo nessa idéia. Difícil mesmo é escolher o repertório diante de tanta maravilha. Já cantei, nesses quatro anos de show, mais de 50 músicas da obra de Caetano. No meu CD, que está em fase de produção, tenho a honra de ter uma canção de Caetano.
PA: Você percorre muito bem por diversos estilos musicais. Samba, MPB, Forró...Uma cantora eclética que se enquadraria em qual movimento?
SS: Movimento dos Apaixonados pela Música (MAM). Gostou? (rsr) Eu tenho dito que sou uma herdeira do tropicalismo e é assim que me sinto. Herdeira porque sou de uma feliz geração que degustou intensamente esses criadores. Quando transito pelos “movimentos” é exatamente porque acho que a arte não pode se submeter a nenhum rótulo. Os rótulos existem para organizar, talvez, e tem lá a sua utilidade. A arte é muito mais que isso. Não podemos subjugar a arte. Sou Bamba e Rock and Roll.
PA: Uma de suas celebres canções, que inclusive foi o nome de um cd seu Comigo Ninguém Pode, surgiu em qual momento de sua vida. Foi uma afronta a alguém/algo?
SS: Kkkkk... Não. Eu digo sempre que faço música como faço teatro. Passeando pelo universo das personagens e da dramaturgia da vida. Uma canção, às vezes, nasce de um personagem que vi num livro, ou numa novela, ou na minha rua, ou na minha família, ou de uma situação inusitada que, não necessariamente, aconteceu comigo. Comigo Ninguém Pode nasceu, na realidade, de um erro. Eu ganhei um vasinho de Espada de Ogum e confundindo com a planta Comigo Ninguém Pode, fiz a música. Só depois eu vi que fiz uma confusão daquelas.
PA: O misticismo é bem presente em suas composições. O que mais te inspira?
SS: Nem sempre. Bom, eu sou pisciana, o que já diz muita coisa...rsrs...mas acho que falo de tudo um pouco. Tenho canções que considero bem underground. Essas ainda são pouco conhecidas. Tenho canções, também, com temas bem prosaicos, como ciúme, saudade, tristeza, flor...
PA: A música produzida atualmente na Bahia tem valor?
SS: Claro que sim! Eu produzo música na Bahia. Tem muita gente boa produzindo música na Bahia. Como disse no início, a Bahia é a terra da rica diversidade. Esse é o nossomovimento, é a nossa cena musical.
PA: Suas influências e compositores que te acompanham nessa caminhada...
SS: Minha forte influência é a música brasileira. Vou citar aqui, alguns dos compositores que são fundamentais em minha formação musical. Caetano Veloso (é claro...rsrs), Gilberto Gil, Tom Zé, Edu Lobo, Chico Buarque, Rita Lee, Milton Nascimento e toda turma do Clube da Esquina (ouvi muito!), João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius de Morais (ouvi e li, li e ouvi), Luiz Gonzaga, Noel Rosa, Pixinguinha, Cartola, Cazuza e mais e mais e mais!
PA: Projeto vindouros....composições..shows...[nome do projeto?]
SS: Então, em 22 de novembro farei o show de encerramento do projeto Conexão Vivo na Sala do Coro, show novo, viu? Também estou preparando mais um ensaio de verão, a exemplo do Coletivo Circo da Samba (2008) e do Samba da Igreja (2009). Ainda não está totalmente formatado, mas prometo, que assim que estiver tudo pronto, você vai saber. Em dezembro, estou com o Três na Folia (eu, Manuela Rodrigues e Claudia Cunha) no Tô no Pelô, todas as quintas, na Praça Pedro Arcanjo, projeto aprovado em edital. Além disso, estou mergulhada na produção do meu Cd e sofrendo todas as dores e alegrias da gestação de um novo filho... rsrsr.
PA: Deixe uma mensagem para os seus fãs e os internautas do Portal Axezeiro
SS: Vou me valer de Milton Nascimento e Fernando Brand, pra dizer, de forma visceral, o que desejo nesse momento:
Foi nos bailes da vida ou num bar em troca de pão
Que muita gente boa pôs o pé na profissão
De tocar um instrumento e de cantar
Não importando se quem pagou quis ouvir
Foi assim
Cantar era buscar o caminho que vai dar no sol
Tenho comigo as lembranças do que eu era
Para cantar nada era longe, tudo tão bom
Té a estrada de terra na boléia de um caminhão
Era assim
Com a roupa encharcada e a alma repleta de chão
Todo artista tem de ir onde o povo está
Se foi assim, assim será
Cantando me desfaço e não me canso de viver
Nem de cantar
Obrigada a todos vocês, do fundo do meu coração!
Para a Revista Guaraná - agosto de 2009 http://www.revistaguarana.com.br/2009/agosto/
A cantora, compositora e atriz Sandra Simões, carrega a arte como matéria prima da vida. Seu nome já é reconhecido no cenário independente da musica baiana e cada vez mais ela se mostra desafiada a manter ao redor um público cada vez mais crescente. No verão do ano passado levou uma galera ao Circo Picolino, nas noites de terça-feira, no projeto coletivo circo dá Samba. No carnaval desse ano estreou na avenida com o projeto Três na Folia, dividindo um trio independente com as cantoras Claudia Cunha e Manuela Rodrigues. Atualmente ela pilota dois trabalhos na capital baiana. O show “Comigo Ninguém Pode”, em que declara a sua vocação de bamba e como compositora promissora e o show “Cantando Veloso”, em que há três anos, faz releituras de canções de Caetano Veloso. O show está em cartaz todos os sábados de agosto no Tom do Sabor, sempre às 22h. MYSPACE: www.myspace.com/sandrinhasimoes
TOCA NA RÁDIO:
Beatriz (Chico Buarque)
Clube da Esquina (Milton Nascimento,Lô Borges e Marcio Borges)
Tropicália (Caeyano Veloso)
Domingo no Parque (Gilberto Gil)
Arrastão (Edu Lobo e Vinicius de Morais)
TOCA NO IPOD
Barraqueira (Marcia Castro)
Zé do Caroço (Mariana Aydar)
Logus Pé (Gal Costa)
Seu Moço (Claudia Cunha)
Som Sagrado (Ione Papas)
Som Sagrado (Ione Papas)
Jornal A TARDE - 31 de agosto de 2008
Por Therezinha Cardoso
O Canto de Sandra
Inquieta e talentosa, a baiana Sandra Simões arrasa no Coletivo Circo dá Samba, já aplaudido por Seu Jorge e J. Veloso, às terças, no Circo Picolino.
Como anda a sua trajetória profissional?
Hoje posso dizer que o trabalho, a persistência e a certeza do caminho me deram o combustível do reconhecimento. Neste momento me sinto assim: muita disposição para tocar minha carreira e muito feliz pelas portas que estão abrindo. Inspiração? A Bahia vem me dando régua e compasso. Tenho aqui minhas raízes e é dessa fonte que eu absorvo, a matéria-prima do meu trabalho.
Você vai levar seu canto para fora da Bahia?
Claro. Acredito que todo trabalho artístico precisa romper divisas e, parafraseando Milton Nascimento, todo artista tem de ir aonde o povo está. Para mim, é uma verdadeira loucura conciliar as agendas de cantora e atriz, mas tem dado certo. No momento, me dedico mais à música. Mas há 15 anos integro a Cia. Brasil de Teatro.
Você comanda uma roda de samba no Circo Picolino. Atrai muita gente?
Samba e circo é receita de sucesso. Estou lá há sete meses e será um dos maiores eventos do próximo verão. A diversidade de estilos volta a fazer parete da cena musical baiana. Há dois anos, também faço o show Cantando veloso
PARA A TAG PRODUÇÕES
Confira entrevista com Sandra para http://www.tagproducoes.com.br/blog/?p=226
1- Como você começou na carreira de cantora e mais especificamente com samba?
Nas minhas mais remotas lembranças, a música está sempre presente. Aos doze anos, autodidata, já tocava violão. Sempre fui muito atenta a todo tipo de música. Lembro de mim sempre cantando, ouvindo e fazendo música. A decisão de começar uma carreira pra valer aconteceu depois que entrei para o Coro Devir (grupo do qual participei na década de 90).
O Devir, posso dizer, me deu o impulso que faltava. Então, entrei para a escola de música da UFBA, para aliar a vocação e a devoção ao conhecimento. Daí em diante não parei mais. Quanto ao samba, sempre esteve presente em minha vida, mas, foi em 2008, com o Coletivo Circo dá Samba, que ele veio pra ficar.
2- Como acontece a seleção de repertório dos shows? O que nunca falta e o que nunca entra?
O meu critério principal é o afeto (rs). Preciso gostar muito de cantar “aquela” música. Precisa passar pelo coração, entende? Isso, de qualquer ponto de vista. Pode ser a melodia (com a beleza da simplicidade ou a sofisticação dos caminhos melódicos inusitados); pode ser a letra, a poesia; a força da mensagem… Enfim, o importante é que primeiro passe pelo coração. Outro critério é a adequação à “dramaturgia” do show, ou seja, o repertório faz parte de um todo, de uma proposta maior, de uma estética. A escolha do repertório, apesar de ser um prazer, é também um sofrimento (rs). Até com as minhas próprias músicas, estabeleço esses critérios. Não coloco no show só porque é minha, precisa fazer parte do contexto. O que nunca falta: uma homenagem, uma lembrança a um grande compositor. O que nunca entra: o que não passa pelo coração.
3- Como você ficou sabendo do Conexão Vivo na Sala do Coro? Você venceu a concorrida votação popular. Como foi a mobilização para isso?
Eu já fazia parte do site do Conexão Vivo, tinha o meu perfil. Fiquei sabendo pelo próprio site. Devo a minha vitória ao carinho e à fidelidade desse público maravilhoso que me acompanha e também ao empenho da minha querida produtora (Flávia Motta). Sem eles, seria impossível. Toda nossa estratégia de divulgação foi feita através da internet. E-mail, redes sociais e amigos. Fórmula poderosa!
4- Como você se sente, agraciada pelo projeto e encerrando a edição 2010 do evento?
Primeiro, vencer o edital na categoria voto popular, é maravilhoso! Tem um gosto especial. Depois, ser escolhida pra encerrar a temporada, aí então, a alegria é enorme. Mas, também, a responsabilidade é muito grande e dá um friozinho na barriga (rs). Ainda bem que já está chegando a hora!
5- Qual a importância desse tipo de evento para a música na Bahia?
Muda tudo! Começamos a vislumbrar uma luz no fim do túnel. Esse tipo de empreendimento dignifica o trabalho do artista, possibilita mais qualidade, engrandece a produção musical do nosso estado e estimula a formação de platéia para o músico independente. Quero parabenizar a Vivo por esse investimento na cultura do nosso estado e dizer também que queremos e precisamos de muito, muito mais. Que em 2011, seja feito um edital por trimestre (rs!). A cultura agradece!
Que outras empresas sigam esse caminho iniciado pela Vivo.
